Odontologia do Sono
O que é a Odontologia do Sono?
É uma área da odontologia que permite ao dentista atuar no tratamento dos distúrbios relacionados a problemas respiratórios durante o sono, como ronco e apnéia obstrutiva do sono (SAOS) e a síndrome da resistência das vias aéreas superiores (SRVAS) e os distúrbios do sono relacionados ao sistema mastigatório que ocorre durante o sono ou durante a vigília mas que tem origem no sono.
Recomendações em Odontologia do Sono
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Manter ou iniciar um programa de atividade física aeróbica, aumentando lenta e progressivamente o tempo e intensidade do exercício, respeitando sua capacidade individual, sem esforço excessivo. Vale salientar que tais exercícios devem ser evitados no turno da noite;
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Dependendo de seu hábito de praticar exercícios e de sua idade, é essencial executar avaliação clínico/cardiológica antes de iniciar o programa de exercícios;
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Perder peso corporal pode, dependendo do caso, ser fator determinante para a resolução do quadro. Caso necessário, consultar um endocrinologista;
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Evitar a ingestão de bebidas alcoólicas por, pelo menos, 4 hs antes de dormir. Bem como não usar estimulantes como cafeína à noite (efeito de até 8 hs);
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Instituir jantar leve e procurar jantar cedo, a fim de que não vá dormir logo em seguida à alimentação. O ideal é jantar três horas antes de ir para a cama;
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Evitar o uso de tranqüilizantes (calmantes) à noite. Muitas medicações utilizadas para controle de apetite contêm na sua fórmula drogas com ação sedativa. Para saber se é o caso, consultar o médico a respeito;
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Calçar os pés da CABECEIRA da cama, de modo a elevá-la em torno de 10 cm, a fim de dormir com a cabeça e tronco mais altos que o abdome e os pés. Também pode usar encosto para refluxo (Copel);
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Procurar dormir de lado. Como não há controle consciente da posição de dormir, sugerimos algum apoio nas costas que nos “lembre” de evitar dormir de barriga para cima. Se for o caso, consulte-nos a respeito;
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Tratar rinites, alergias e infecções respiratórias. É necessário manter-se livre de obstruções nasais de qualquer natureza, fazendo uso tópico de soluções nasais conforme prescrição do otorrinolaringologista. Um nariz entupido ou bloqueado requer esforço extra para inalar o ar através dele. Isto cria um vácuo exagerado na garganta e mobilização dos tecidos moles dessa região, resultando em ronco;
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Convém advertir aos fumantes que o cigarro provoca irritações e inchaços nos espaços aéreos superiores, piorando as obstruções respiratórias pela diminuição dos referidos espaços;
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Tomar todas as medidas possíveis para tornar o quarto um ambiente acolhedor, silencioso (eliminar hábito de assistir televisão à noite no quarto), limpo, escuro e de temperatura agradável.
Apneia do Sono
De acordo com a Academia Americana de Medicina do Sono, a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono é um distúrbio respiratório do sono, caracterizada por um colapso parcial ou total recorrente da via aérea faríngea durante o sono, levando a hipóxia (falta de oxigênio circulante) , ocorrendo despertares para estabelecimento da patência da VAS (em uma Apneia moderada, por exemplo, o indivíduo chega a ter 20 despertares por hora. Ou seja, 1 a cada 3 minutos). Ocorre esforço respiratório, mas ventilação inadequada (experimente tapar o nariz e a boca e tentar respirar expandindo a caixa torácica por um período de 40 segundos, como ocorre em alguns casos. É enlouquecedor). Imagine isso todas as noites durante anos.
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As alterações cognitivas (falha de concentração, irritabilidade, falha de memória, diminuição da libido) e fisiológicas (diabetis, obesidade, impotência, hipertensão arterial, infarto do miocárdio, AVC) são consequências dessa doença. Com a qualidade de vida prejudicada, os sintomas diurnos mais comuns são a fadiga matinal, cefaleia matutina e sonolência durante o dia. À noite os sinais são de ronco, despertares, engasgos e nictúria (urinar com frequência).
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A patogênese da SAOS está relacionada â fatores funcionais e anatômicos. Desde alterações ósseas, como palato estreito, face curta, retrognatismo mandibular, desvio de septo, como relacionadas ao tecido mole: formato da luz faringeana, hipertrofia de adenoide e amígdala, gordura perifaringeana (obesidade), etc.
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O diagnóstico é feito por um médico especialista em medicina do sono. Baseado na tomada de história, exame clínico e com a realização de um exame considerado padrão ouro: polisonografia. Ela traz informações detalhadas sobre o sono do paciente, definindo o grau de severidade da Apneia: leve, moderada ou grave.
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Essa classificação definirá o tipo de tratamento, que poderá ser apenas comportamental (redução de peso, evitar refeições noturnas pesadas e hábito etílico, evitar posição de decúbito dorsal – dormir com a barriga para cima – e adotar medidas de higiene do sono). Alguns casos exigem cirurgias otorrinolaringológicas ( desvio de septo, tonsilectomia, uvulopalatofaringoplastia, amigdalectomia, adenoidectomia) ou ortognáticas, como avanço mandibular ou maxilo-mandibular (sucesso em 96% dos casos em que se tem indicação). Casos graves pedem o uso de uma aparelho de pressão positiva, chamado CPAP.
Aparelho Intra-Oral para Apneia
Conceito
Os Aparelhos Intra-orais (AIO) para tratamento de apneia e ronco são dispositivos usados na cavidade oral durante o sono, com o objetivo de prevenir o colapso entre os tecidos da orofaringe e da base da língua, reduzindo os efeitos obstrutivos da via aérea superior.
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Indicações
Primário:
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- Ronco primário;
- Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAHOS) leve a moderada;
- Síndrome de Resistência de Vias Aéreas superiores (SRVAS).
Secundária:
- SAHOS moderada à severa em caso de não aceitação e adesão ao tratamento com CPAP;
- Medida auxiliar ao tratamento cirúrgico.
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Tipo de Aparelho
O aparelho por nós utilizado apresenta as seguintes características:
- Semi-rígido: feito com duas placas de acetato ou durasoft, sendo portanto mais confortável;
- Confeccionados em laboratório: são individualizados e menos volumosos;
- Dois blocos: permite mobilidade mandibular lateral e vertical que o monobloco não proporciona, reduzindo assim o risco de dor nos músculos da mastigação e articulação temporomandibular (ATM);
- Ajustáveis: propicia o avanço mandibular progressivo.
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Eficácia
Estudos mostram que o sucesso do tratamento com AIO em pacientes com SAOS leve a moderada é em torno de 80% e de apenas 29% em SAHOS grave (parcialmente efetivo em 62%).
Bons resultados podem estar associados a fatores relacionados ao paciente:
- Idade: quanto mais jovem, melhor a resposta;
- Gravidade da SAHOS: quanto mais grave, pior a resposta;
- Posição de dormir: melhor resultado em apneias posicionais de decúbito dorsal;
- Índice de Massa Corporal e Circunferência de pescoço: quanto mais obeso, pior o resultado;
- Sítio de colapso da via aérea: as obstruções na orofaringe respondem melhor que as da velofaringe;
- Alteração no tamanho da via aérea superior em resposta ao avanço mandibular;
- Entre outros...
Mas, também pode-se ter insucesso relacionado ao tipo de aparelho utilizado (deve ser individualizado para cada caso), grau de avanço mandibular, falha em não resolver as possíveis intercorrências, etc. A associação Brasileira do Sono recomenda a procura por um dentista especializado no assunto.